sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Todo dia o mesmo número liga. Ana atende já sabendo que a pessoa não vai dizer nada.
- Alô? Alô?
Nada.
Ana já tentou ligar pra descobrir o mistério. Ninguém atendeu. E todo dia, nos mais variados horários, esse número liga. E não diz nada.
Agora há pouco, começou a pensar que pode ser a esposa traída.
Deve ter pego o celular do marido e descoberto tudo. Mas é tão apaixonada, tão louca de amor, que não fez nenhum escandalo. Não jogou a roupa dele fora e nem gritou.
A esposa está ligando para não dizer nada. Torturá-la com essa ameaça velada de que sabe de tudo. E qualquer dia, sem nenhum alarde, colocará veneno na sua comida.
Ana, aflita, resolve ligar pra polícia. Mas antes que o policial atendesse, Ana se lembra de um detalhe importante: O Dejair não é casado! Ana nunca foi amante.
Eu sei fazer bolos ótimos. Bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Torta de banana com farofinha em cima. Torta de maça. Sei também fazer aqueles de aniversário, todo confeitado pra alegrar criança.
Eu sou uma pessoa do interior. E a minha mãe também é. Ela foi criada na roça. E na roça onde as pessoas fazem o próprio pão. De trigo e açúcar. Eu também sei fazer pão caseiro.
Eu podia fazer tortas e montar uma loja de tortas e doces e pães. E ter um cantinho com um café. E livros pras pessoas lerem.
O mundo essa tarde, Belarmina, me parece ainda mais enorme.

sábado, 7 de janeiro de 2012

- A cobra de vidro que faz a volta atrás da casa..é uma enseada! Disse isso e caiu no choro.
Manoel buscou um cobertor e enrolou em Doralice. Depois, foi tateando palavras, de modo que ela não se magoasse mais.
- Dora, minha filha. Não tem problema ser uma enseada. Como não teve problema quando você descobriu que o poço falante ficaria mudo. Ou quando os dragões..
Doralice se sentou, olhou pra Manoel e mudou de assunto. Manoel entendeu que ela havia entendido e foi buscar café com leite.









(com as devidas e hipotecadas autorizações do De Barros)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Ando em silêncio. Como se a fala não precisasse ser dita.
A fala eterniza coisas, que às vezes são do momento.

Vi um texto agora sobre o Michel Teló. Falava mal. E depois outro que falava bem.
Eu acho divertido coisas que provocam textos.

Formigas não tem antenas.
Eu gostava de comer formiga no açucar. Minhas mãe dizia que era sujo. Mas criança tem outro conceito estético sobre sujeira.
As mães são artistas plásticos de criança.


Émile Durkheim estudou o suicídio.
Nos países frios há muitos suicídios.
Independente da distribuição de renda e bons empregos, as pessoas se matam. Se você tira o sol e aumenta o frio, as pessoas ficam tristes e se matam.
Algumas estudam muito, pensam muito, sofrem muito, escrevem muito. E se matam.


O chefe da repartição, muito astuto, disse que ia colocar de gerente um determinado funcionário.
Os demais concorrentes reuniram os contras, as provas, os nãos, e debateram. E debateram. Quando ele, o candidato a gerente, estava totalmente sapecado, foram comunicar ao chefe da repartição. O chefe da repartição, com sincera democracia, disse:
- Sério que ele está queimado? Poxa vida, agora vai ter que ser o outro Fulano. E o pior é que nem há tempo para vocês debaterem.

O Acre agora é muito divertido. Antes, era dramático.